Eu Li #17 - A Menina Submersa

Olá pessoal, tudo bem?

Hoje eu vim trazer uma resenha de um livro que me surpreendeu de todas as maneiras possíveis. A Menina Submersa, escrito por Caitlín R. Kiernan e publicado no Brasil pela editora DarkSide Books.


Título original: The Drowning Girl: a memoir

Autora: Caitlín R. Kiernan
Editora: DarkSide Books
Páginas: 320
Sinopse: A Menina Submersa - Memórias' é um verdadeiro conto de fadas, uma história de fantasmas habitada por sereias e licantropos. Mas antes de tudo uma grande história de amor construída como um quebra-cabeça pós-moderno, uma viagem através do labirinto de uma crescente doença mental. Um romance repleto de camadas, mitos e mistério, beleza e horror, em um fluxo de arquétipos que desafiam a primazia do 'real' sobre o 'verdadeiro' e resultam em uma das mais poderosas fantasias dark dos últimos anos. Considerado uma 'obra-prima do terror' da nova geração, o romance é repleto de elementos de realismo mágico e foi indicado a mais de cinco prêmios de literatura fantástica, e vencedor do importante Bram Stoker Awards 2013. A autora se aproxima de grandes nomes como Edgar Allan Poe e HP Lovecraft, que enxergaram o terror em um universo simples e trivial - na rua ao lado ou nas plácidas águas escuras do rio que passa perto de casa -, e sabem que o medo real nos habita.

Em A Menina Submersa - Memórias nós somos apresentados a India Morgan Phelps (Imp),  uma garota na casa dos 20 que sofre de um transtorno mental chamado de esquizofrenia  desorganizada, uma doença que impede que o portador consiga distinguir o real do  imaginário. Filha e neta de mulheres esquizofrênicas e suicidas, Imp (que no folclore  significa um ser mitológico semelhante a uma fada ou um demônio) nos conta sua  história de fantasmas da maneira que sua mente interpreta, nos obrigando a questionar  o que é real e o que não é.
Esse livro é o que é, o que significa que ele pode não ser o livro que você espera que seja.
O pontapé inicial da história é dado quando Imp conhece Abalyn, uma garota que está  sendo despejada por sua ex-namorada, e a leva para seu pequeno apartamento. Abalyn  trabalha para um site escrevendo resenhas de jogos e passa boa parte do dia em frente  à uma tela e por esse motivo não pode acompanhar Imp em seu passeio noturno.



Em certo momento na rodovia, India avista a figura de uma mulher nua, molhada e  parada na beira da pista e a leva para casa. Eva Canning, a garota da rodovia (ou  seria ela uma sereia? Ou quem sabe um lobo?), é a razão da existência dessa história.
‘Vou escrever uma história de fantasmas agora’, ela datilografou.
‘Uma história de fantasmas com uma sereia e um lobo’, datilografou mais uma vez.
Eu também datilografei.
Antes de mais nada, eu serei completamente honesto e deixarei bem claro que não  confio na minha capacidade de descrever esse livro da maneira que ele merece, mas  darei o meu melhor.

O texto inicialmente é a representação escrita de fatos que aconteceram em 2008,  escritos 2 anos e alguns meses no futuro, mas que viaja entre o passado e o presente.

O livro é certamente uma narrativa sobre a lenta e envolvente história das  assombrações de Imp, das suas memórias de Eva Canning, sua relação com sua amada  Abalyn Armitage e sua relação consigo mesma. Porém ao mesmo tempo o livro é uma  história de histórias - ou de arte em geral. É uma história construida com outras  histórias e que contém milhares de pequenos mistérios, que podem ser lidos como um  todo ou como fragmentos sem relação alguma.



A autora também trata de temas como homossexualidade e transexualidade de uma forma extremamente natural e sem se desviar do foco principal. E ao realizar algumas pesquisas sobre a autora, descobri que ela própria é transexual e lésbica, o que explica a naturalidade.
Fantasmas são essas lembranças fortes demais para serem esquecidas, ecoando ao longo dos anos e se recusando a serem apagadas pelo tempo.
Por se tratar de uma personagem esquizofrênica a escrita é um tanto quanto complexa e  pode muitas vezes dar um nó em seu cérebro, pois durante toda a leitura nós somos  apresentados aos fatos da maneira que eles são processados por Imp. Eu não sou  familiarizado com a doença e não tenho a mínima ideia de como ela é manifestada,  porém acredito que a autora tenha representado o transtorno da maneira mais realista  possível.



O livro é extremamente rico em questão de referências, sejam elas a histórias sombrias como a Floresta dos Suicidas no Japão e o assassinato da Dália Negra ou a grandes autores como Virginia Woolf, H. P. Lovecraft e Edgar Allan Poe. Porém algumas personalidades, como Phillip George Saltonstall pintor da tela A Menina Submersa e Albert Perrault pintor da  tela Fecunda Ratis, foram criadas pela a autora. Mas a perfeição dos detalhes presentes nas descrições dessas personalidades nos fazem duvidar que sejam realmente personagens fictícios.
[…] assombrações são memes, em particular, transmissões de ideias perniciosas, doenças contagiosas sociais que não precisam de hospedeiro viral nem bacteriano e são transmitidas de milhares de modos diferentes.
Em questão física não tem nem muito o que falar, a DarkSide novamente arrebentou na qualidade do livro. Acabamento perfeito, ilustrações no início dos capítulos e também no decorrer do texto em alguns capítulos.

Em alguns momentos encontrei erros de revisão, porém acredito que não sejam erros de revisão da editora, e sim erros na própria história contada por IMP.



Eu espero que vocês tenham gostado, se tiverem qualquer dúvida deixem aqui nos comentários que eu terei o prazer de responder. 

Até a próxima pessoal.

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